A oferta de dinheiro ou presentes é uma tática que abusadores sexuais frequentemente usam para se aproximar de crianças e adolescentes. Como os mais novos não trabalham e dependem dos adultos para obter aquilo que desejam, é comum que os agressores proponham certos contatos sexualizados, como toques nas partes íntimas, em troca de brindes como um novo celular, fone de ouvido, guloseimas, brinquedos, material escolar, etc.

É preciso ter em mente que são raras as situações às quais crianças e adolescentes têm acesso a dinheiro. Essas situações envolvem, normalmente, presentes de parentes em ocasiões como aniversário ou natal, ou quando os pais combinam a cessão de uma mesada aos filhos. Em ambos os casos, usualmente há datas específicas associadas ao ganho e este é facilmente explicado, sem gerar qualquer estranhamento nas pessoas que convivem com a criança ou adolescente.

De outro modo, os episódios em que os abusadores aliciam suas vítimas com esse tipo de estratégia têm características particulares, que os pais podem usar como alerta para protegerem seus filhos. Em primeiro lugar, devem desconfiar quando as crianças aparecem com qualquer quantia que não envolva mesada ou um presente especial. Se a criança alegar que recebeu o montante por ter executado algum favor a um adulto, é importante averiguar o fato. Da mesma forma, é importante verificar quando disserem ter ganhado presentes de algum coleguinha, já que a desculpa pode ser usada para encobrir uma vivência abusiva.

Caso apareçam com objetos muito caros, recebidos de pessoas com quem nutrem um vínculo mais superficial ou distante, tem-se um outro cenário que merece atenção. Dificilmente pessoas bem intencionadas doam presentes de alto custo e que podem comprometer seu orçamento, sem ter uma ligação familiar ou afetiva importante com aquela criança. Na escola, os professores também conseguem perceber que algo está errado quando o aluno passa a aparecer com itens que não correspondem ao poder aquisitivo de sua família ou surge com variadas quantias de dinheiro em pouco tempo.

  De modo geral, a prevenção contra essas ocorrências deve ser ensinada às crianças ou adolescentes. Antigamente, dizia-se aos pequenos para não aceitarem doces de estranhos e, hoje em dia, é preciso que eles sejam estimulados a contar para seus pais sobre quaisquer ofertas ou propostas que recebam, a fim de que o adulto monitore os riscos envolvidos. São a postura observadora dos pais e o bom diálogo com as crianças que facilitam a identificação dessas ocorrências estranhas e perigosas. 

Liliane Domingos Martins