Crianças e adolescentes devem ter informações de qualidade sobre sexualidade, adequadas ao seu nível de desenvolvimento e faixa etária. Quando a família não dá essa orientação, deixa espaço para que recebam informações pobres e distorcidas, como aquelas que ouvem na conversa com colegas ou que assistem na mídia. Sem essa base, eles também ficam mais suscetíveis a repetir ideias e valores incompatíveis com os da família. Mas, o pior de tudo, é que quando desconhecem o tema, eles se tornam alvos fáceis para abusadores, que aos poucos introduzem noções sobre sexo, isso de uma forma que somente alcança seus próprios interesses. Há agressores que que se aproveitam da falta de compreensão de crianças e adolescentes sobre o assunto para saciar a curiosidade sexual delas ao mesmo tempo em que as alicia.
Para ajudar com o diálogo, os adultos devem buscar informações sobre como explicar questões sobre sexualidade para cada idade de seus filhos e ter claro que esse conhecimento é fundamental para que se protejam.
As crianças mais novas, de até 4 anos de idade, devem ser ensinadas, o quanto antes, a reconhecer e nomear todas as partes do corpo. Além disso, devem entender que algumas dessas partes são íntimas e só devem ser tocadas por outras pessoas em situações onde precisam de ajuda, como no banho, quando vão trocar de roupa ou precisam ser examinadas por algum médico, por exemplo. Com elas podem ser trabalhadas noções sobre o funcionamento de alguns órgãos do corpo, como por exemplo, aqueles que são usados para fazer xixi ou cocô. As diferenças físicas entre meninas e meninos, homens e mulheres também podem ser introduzidas.
A partir dos 5 anos, os pais podem começar a ser confrontados com perguntas mais complexas e devem estar abertos para oferecer esclarecimentos de forma honesta. No diálogo, a linguagem deve ser ajustada para ser compreendida por esses pequenos, mas é recomendável evitar alusões, como a história da cegonha ou do repolho. Nessa idade, as crianças já podem receber noções sobre: a gestação e como toda pessoa nasce; relações de namoro, casamento e a época certa para cada coisa; as diferenças entre toques que são de carinho e adequados em relação àqueles que são ruins e abusivos; a nudez e os limites da exposição de seu corpo, seja em casa, na rua ou na internet; e como reagir em situações de desconforto com o contato físico de outras pessoas.
Dos 12 anos em diante, a adolescência traz demonstrações mais frequentes de curiosidade e interesse por sexo, mas, obviamente, essa ainda é uma fase de descobertas, sem a maturidade do exercício sexual adulto. Nessa fase, deve-se discutir com os jovens temas como: suas mudanças corporais e como o ritmo de desenvolvimento é diferente para cada pessoa; o uso de contraceptivos e a gravidez; o risco de doenças sexualmente transmissíveis; as várias identidades e orientações sexuais; sexting e a exposição do próprio corpo na internet; a responsabilidade mútua de garotos e garotas com as práticas sexuais; e a necessidade de consentimento para qualquer atividade sexual.
Os pais normalmente sentem vergonha em conversar sobre sexualidade com seus filhos e acabam sem saber o que falar ou como falar do assunto. Isso deve ficar mais simples, agora que mostramos um pouco de como fazer isso. O importante é não desistir e, se você chegou até aqui, está no caminho certo, buscando meios para facilitar essa comunicação. Saiba que sua dedicação para abordar a sexualidade com seu filho ajuda a criar um vínculo de confiança entre vocês ao mesmo tempo em que o deixa mais protegido.
Liliane Domingos Martins