A internet tem um papel fundamental na vida de todos nós, inclusive na vida das crianças e adolescentes. É uma forma maravilhosa de informação, comunicação e diversão que facilita nossa vida e abre um mundo de possibilidades. Mas é preciso lembrar que a internet faz parte do mundo real e, consequentemente, traz consigo os perigos que existem no mundo real. 

Quando o assunto é abuso sexual, sabemos que existem pessoas que fazem uso da internet para enganar, seduzir ou induzir crianças e adolescentes a acessar conteúdos inadequados, principalmente pornografia (incluindo pornografia infantojuvenil). Além disso, é por meio da internet que os jovens são estimulados a enviar fotos, vídeos e informações pessoais que serão utilizados com propósitos duvidosos. Por meio de chats e salas de bate-papo presentes em aplicativos, sites e jogos on-line, os abusadores sexuais costumam se passar por crianças ou jovens e têm acesso a um vasto material sexual que as próprias crianças e adolescentes produzem e fornecem, seja mediante encorajamento amistoso ou chantagem violenta. 

E o que os pais podem fazer diante disso? 

Primeiramente, é preciso entender que a intimidade que as crianças e adolescentes têm com a internet e com a tecnologia não vem acompanhada de uma maturidade crítica sobre seu conteúdo. Ao crescerem no mundo das redes sociais e das selfies, os jovens não têm noção dos riscos que envolvem a exposição, uma vez que esta é uma questão natural para eles. 

Nesse sentido, conversar sobre abuso sexual on-line (veja outros textos sobre esse tema no blog) com crianças e adolescentes é mais importante do que impor proibições rígidas. Os jovens costumam não aceitar conselhos e sugestões que limitem as suas experiências on-line, assim como tendem a desafiar as regras e testar os limites impostos pelos pais. Assim, o grande desafio é a construção de um efetivo diálogo entre pais e filhos, onde as regras possam ser construídas e de fato aplicadas. 

Vale pontuar que o mesmo princípio geral da prevenção do abuso sexual pode ser utilizado também quando o assunto é o abuso sexual via internet. É necessário a construção de uma relação de confiança, onde o adulto se mostre efetivamente interessado na vida da criança/adolescente e nas questões do seu cotidiano. Esse tipo de relação faz com que o/a jovem se torne menos suscetível a cair em armadilhas advindas do mundo virtual. 

Sempre dizemos aqui que conhecimento é proteção, portanto, é fundamental que os adultos entendam mais sobre o universo on-line, saibam usar a internet e aprendam sobre suas possibilidades de uso. Sem entender como funciona a internet é difícil estabelecer um efetivo diálogo sobre esse assunto com os mais jovens. Portanto, aprenda sobre a internet, os riscos que a envolvem e os modos de promover uma navegação segura. Leia sobre o assunto, converse com amigos a respeito e acesse sites que falem sobre esse tema. 

Além disso, conheça os sites, aplicativos, redes sociais e jogos que seu pequeno costuma utilizar. Peça para que ele lhe mostre como funciona ou lhe ensine como jogar. É importante que esse interesse seja genuíno e destituído de preconceitos, de modo que seja possível construir um espaço de conversa franca sobre aquele universo. 

É importante que as crianças e os adolescentes sejam também instruídos a não divulgar dados pessoais como nome, endereço, telefone, fotografias, nome da escola etc. em locais públicos da internet, como salas de bate-papo e chats de jogos on-line ou sites de relacionamento. Além disso, os pais podem fazer uso de uma série de ferramentas que estão disponíveis para filtragem e monitoramento das atividades dos filhos na rede de internet. O Google Family Link e o Youtube Restrito são alguns exemplos de ferramentas que podem auxiliar os pais. De todo modo, o uso desse tipo de recurso deve ser feito sempre a partir de um diálogo familiar claro e voltado para um uso saudável da rede.  

Por fim, caso você identifique alguma situação suspeita ou que pode ser considerada abusiva contra uma criança ou adolescente, providências devem ser tomadas. Aliciar jovens pela internet, assim como expô-los a conteúdo sexual inapropriado é crime e deve ser denunciado. Portanto, nessas situações, acolha a criança/adolescente que foi vítima dessa situação e, em seguida, faça prints das conversas, recolha o máximo de dados possíveis acerca do abusador sexual (perfil na internet, site, endereço eletrônico de acesso à página etc) e denuncie. 

Silvia Pereira Guimarães