Maio é um mês importante, em que o Brasil enfoca o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Nesse período, há um maior esforço para a sensibilização da sociedade contra esses crimes tão perversos, bem como para se discutir e reavaliar as políticas públicas referentes à causa. A ideia por trás dessas ações é de viabilizar alternativas que garantam melhores condições de proteção a todas as crianças e adolescentes, conforme é preconizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A campanha já se estende há mais de duas décadas. A cor laranja foi escolhida porque é vibrante e pretende transmitir a expectativa positiva de um futuro livre dos problemas em questão. Além disso, o laranja já era adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em suas mobilizações contra a violência de meninas e mulheres. Nesse caso, mesmo que os crimes sexuais não vitimizem apenas pessoas do sexo feminino, reconhe-se que estatisticamente são elas que mais sofrem com tais adversidades.
Durante todo o mês, várias iniciativas de órgãos diversos procuram difundir sobre estratégias que podem ser adotadas para se evitar a violência sexual, além de informações com embasamento científico para que sejam superados mitos comuns sobre o abuso e técnicas úteis aos profissionais de distintos campos que lidam com crianças e adolescentes. Esse é, portanto, um período rico para se abastecer com conteúdo confiável sobre o assunto, algo que, por sua vez, permite levar mais educação e segurança aos nossos infantes.
De maneira mais específica, o dia 18 de maio é aquele em que se concentra a maior parte das atividades de luta contra a violência sexual e essa data não foi escolhida à toa. Ela visa resgatar um episódio triste da história do nosso país e tem finalidade memorial. O 18 de maio lembra a morte da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, que foi sequestrada, estuprada, torturada e assassinada no ano de 1973 no estado do Espírito Santo. O horror que cerca esse acontecimento segue impactando e representa exatamente aquilo que queremos evitar para nossas crianças e adolescentes.
Apesar de figurar como uma recordação difícil, o legado de Araceli está nessa causa, na busca ativa pela conscientização de todos sobre a necessidade de estarmos mais atentos às necessidades dos mais novos, garantindo a eles as melhores condições de desenvolvimento, a salvo de desrespeitos, omissões, negligência e de qualquer tipo de violência.
Liliane Domingos Martins