Falamos muito aqui sobre os contatos físicos em crianças e adolescentes que são inapropriados e abusivos. Apesar desse perigo e da necessidade de os adultos desenvolverem sua atenção sobre essa possibilidade, é importante reconhecer que a maior parte dos toques que nossos pequenos recebem costumam ser positivos. Eles são essenciais à vida e ajudam no desenvolvimento saudável e feliz de todo ser humano.
Os toques positivos ou “toques do sim” muitas vezes aparecem como demonstrações de carinho cotidianas. É gostoso sentir o abraço do vovô, o beijo da mamãe, o colo do papai, o cafuné da titia ou o afago da professora, por exemplo. Esses são gestos que normalmente fazem com que as crianças e os adolescentes se sintam queridos e protegidos, pois, indicam as pessoas que lhes amam e com quem podem contar.
Outras boas formas de contato físico são parte das brincadeiras entre amigos e do relacionamento com eles. No caso dos jovens de nossa cultura, tendem a exibir seus laços de amizade com mais toques do que em outras faixas etárias: andam de braços dados, deitam-se no colo uns dos outros, mexem nos cabelos do colega, etc. Além disso, é na adolescência que os primeiros namoros acontecem, o que também envolve aproximação e intimidade. Esses gestos dão uma sensação de pertencimento para os envolvidos, que se reconhecem enquanto integrantes de um ou mais grupos.
Além desses, toques positivos podem vir na forma de alguma assistência. Esse tipo de contato está presente, por exemplo, quando o médico examina o corpo da criança ou do adolescente, quando os mais novinhos são auxiliados no banho para garantir a higienização adequada ou quando recebem ajuda para trocar de roupa.
Os “toques do sim” surgem de forma espontânea e natural, quase sempre resultando em uma sensação boa e agradável. Eles também não precisam ser escondidos de outras pessoas e, por isso, são bem diferentes dos toques abusivos.
Mesmo considerando que o contato físico com adultos costuma ser positivo, as crianças e adolescentes devem ser autorizadas por seus pais a dizer “NÃO” quando incomodadas ou envergonhadas com qualquer aproximação de outras pessoas. Isso ajuda para que estejam mais atentas e possam reagir a situações abusivas, que normalmente causam desconforto, estranhamento e confusão nas vítimas.
Liliane Domingos Martins
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