Abuso sexual não produz os mesmos efeitos em todas as pessoas. As crianças e adolescentes vitimizados podem reagir ou vivenciar a violência sexual de maneiras variadas. Assim, alguns expressarão o seu sofrimento de forma muito evidente, enquanto outros não o farão.

Dentre as consequências do abuso sexual, podemos apontar a possibilidade de danos a curto, médio e longo prazos nas mais diversas áreas da vida do sujeito. Trata-se de um evento que predispõe ao aparecimento de psicopatologias e de prejuízos nas esferas psicológica, social e afetiva. São alguns exemplos:

- Consequências físicas: gravidez; DSTs; dor, inchaço ou sangramento na região genital; hematomas ou lesões corporais, em razão do uso de força física; dentre outros.

- Consequências psicológicas e/ou psicossomáticas: mudanças de comportamentos ou vocabulário; agressividade; condutas sexuais inadequadas e/ou incompatíveis com a idade; dificuldades nos relacionamentos interpessoais; dificuldades escolares; distúrbios alimentares; distúrbios afetivos (apatia, depressão, desinteresse pelas brincadeiras, crises de choro, sentimento de culpa, vergonha, autodesvalorização, baixa autoestima); dificuldades de sono; uso de drogas; tentativas de suicídio; queixas psicossomáticas; frequentes fugas de casa; transtorno de estresse pós traumático, dentre outros.

Além disso, as consequências também podem variar de acordo com a idade da vítima, a duração do abuso, o grau de violência ou ameaça de violência empregada; o grau de proximidade entre o agressor e a vítima; resiliência; presença de apoio familiar e suporte emocional; consequências da revelação; garantia de proteção, etc. 

Uma vez que cada pessoa responde a estímulos de forma singular, a violência sexual não produz o mesmo resultado sobre todas as crianças e adolescentes submetidos a ela. Apesar das consequências negativas para o funcionamento psicológico, social, cognitivo e afetivo do sujeito, não existe uma “síndrome”, “transtorno” ou “sintoma” específico ou exclusivo relacionado a esse tipo de vivência. Do mesmo modo, existe também a possibilidade de vitimização com ausência de sintomas. 

Portanto, cada caso é um caso. O fundamental é que a criança ou adolescente encontre o apoio e ajuda necessários, de modo a evitar que as consequências dessa violência marquem cruelmente a sua vida no presente e no futuro.

Silvia Pereira Guimarães