A internet é uma importante ferramenta de comunicação moderna e que nos permite acessar um imenso número de informações de forma simples e rápida. Principalmente nesses tempos de isolamento social por conta da pandemia de COVID-19, a rede mundial de computadores se destacou como um recurso bastante útil para manter boa parte das pessoas trabalhando, bem como para conseguir meios de interação e de lazer. Mesmo com tais vantagens, é necessário saber que a internet também pode representar riscos às crianças e adolescentes em relação à violência sexual.

Os “bate-papos” ou chats são serviços que merecem o alerta dos adultos. Esse tipo de ambiente virtual está presente em praticamente qualquer página da internet, mas são nas redes sociais e nos jogos que eles mais comumente são acessados por abusadores. Ali, as estratégias mais usuais empregadas pelos agressores envolvem: 

  1. se passar por uma criança ou adolescente de mesma idade da vítima; 
  2. seduzir a vítima com elogios, ofertas de presentes, premiações, dinheiro, contato com alguém famoso ou com meios de torná-la famosa.

Ambas as situações costumam ser usadas pelos agressores para se aproximarem das vítimas, estreitando laços de amizade e intimidade até conseguirem com que lhes enviem fotos de seus corpos em trajes de banho ou despidos, os nudes. O material recebido, por sua vez, acaba se espalhando na internet através de trocas de mídias entre pedófilos, o que alimenta a indústria da pornografia infanto-juvenil. Ainda mais grave do que isso, em outros casos, o ofensor usa essas fotos para chantagear a criança/adolescente, exigindo que se encontrem pessoalmente. Essa intimidação aumenta a possibilidade de que a violência saia do contexto cibernético e se torne um abuso sexual físico. 

Crianças e adolescentes são ensinados sobre como se comportar dentro e fora de casa, na escola, na igreja, em aglomerações, no contato com pessoas doentes, com idosos, etc. Nessas circunstâncias, são alertados quanto ao que se espera deles, aos limites das interações, aos perigos a que estão expostos, entre outras várias lições. Da mesma forma, eles devem ser educados para um uso positivo da internet. Devem entender que aquilo que fazem quando estão online tem implicações no mundo real e que algumas dessas consequências podem ser bastante graves.

Assim, no caso de crianças mais novas, é recomendável que os chats sejam bloqueados ou vistoriados com frequência pelos pais. Elas também devem ser orientadas a nunca fornecer seus dados pessoais ou os de seus familiares. Existem vários aplicativos criados para auxiliar adultos responsáveis a darem mais segurança e a controlarem o conteúdo que esses pequenos podem acessar.

Quando se trata de adolescentes, as conversas e orientações funcionam bem melhor. Regras de uso da internet devem ser estabelecidas e é interessante planejar a supervisão das rotinas de uso do computador do jovem, de preferência com a participação dele na definição quanto aos limites dessas intervenções. O diálogo aqui é essencial, com esclarecimentos sobre as razões do monitoramento. Em famílias muito rígidas, rapazes e moças podem evitar contar sobre abordagens indevidas que recebem pela internet com medo de que os pais proíbam seus acessos à rede.

No caso de serem identificadas situações abusivas online contra alguma criança ou adolescente, recolha todas as informações possíveis sobre o caso. Faça prints de conversas, guarde o endereço eletrônico de acesso àquela página e reúna dados do perfil do aliciador. Com isso em mãos, denuncie!

Liliane Domingos Martins