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Violência, abuso ou exploração sexual? O que é cada um?

Afinal, que expressão usar? Ouvimos referências aos termos “abuso”, “exploração” e “violência sexual” como se fossem a mesma coisa e isso gera alguma confusão. Vamos tentar aqui torná-los mais precisos. 

Violência sexual é um conceito mais amplo, que inclui os dois outros termos: o abuso sexual e a exploração sexual. Dentro da ideia de violência sexual, portanto, temos o abuso e a exploração, sendo que ambos envolvem a utilização de crianças ou adolescentes como objetos para satisfazer interesses sexuais de adultos ou de pessoas com maior grau de maturidade.

A diferença entre o abuso sexual e a exploração sexual é que o primeiro termo refere-se a todo ato ou jogo sexual que alguém mais velho faz com uma criança ou adolescente. Isso abrange qualquer estimulação erótica ou incitação do adulto em relação à vítima, envolvendo desde comentários inapropriados, mostrar material pornográfico, realizar ou solicitar toques em suas partes íntimas até os toques indevidos em seu corpo, sexo oral e penetração. A exploração sexual é quase a mesma coisa, mas, nesse caso, tais atividades eróticas ocorrem em troca de remuneração ou de outra forma de compensação, seja para a vítima ou para terceiros. Isso acontece, por exemplo, quando alguém se beneficia financeiramente da situação ou quando o agressor oferece presentes ou dinheiro à vítima em troca do contato sexual.

Seja qual for o caso, o que é necessário ficar bastante claro é que o envolvimento íntimo de adultos com crianças ou adolescentes sempre é errado e pode trazer consequências negativas muito graves e até mesmo permanentes para a vítima. Em caso de suspeita, não hesite: denuncie!

Juliana Borges Naves

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O “Radarzinho” do Desconforto e o Abuso Sexual de Crianças

É comum que crianças vítimas de violência sexual comuniquem ter sentido um desconforto com a abordagem do agressor. Podem não saber explicar muito bem, mas, quando revelam o abuso, dizem ter percebido que aquilo não parecia certo. Essa sensação pode se misturar com muita dúvida quando esse contato é apresentado pelo abusador como uma forma de carinho ou uma brincadeira. Apesar da confusão que sentem, é importante que os pais estejam atentos para ensinar seus filhos a confiarem em seus instintos e nessa sensação de que há algo errado em alguns tipos de contato físico. 

Toda criança pode aprender a ligar esse “radarzinho” sobre situações sexualmente abusivas. Sobre isso, a grande dúvida é: como fazer para que esse mecanismo interno funcione bem? A resposta envolve ensinar aos filhos algumas estratégias para que reconheçam e reajam a qualquer incômodo que o toque de terceiros provoque neles. 

Nesse exercício, é importante que os pais compreendam que as demonstrações físicas de afeto por parte da criança precisam ser espontâneas. Ela deve ser desobrigada a dar beijos ou abraços em qualquer pessoa quando não tem vontade de fazer isso. Do mesmo modo, toda criança deve ser incentivada a se opor quando a aproximação física de alguém lhe causar vergonha ou dor. Ela deve ser autorizada a explicar para a tia que acha desagradável quando ela lhe aperta as bochechas ou a dizer “NÃO” para um tio que lhe abrace de uma forma estranha. 

Longe de parecer falta de educação, esses cuidados ajudam a criança a entender que o corpo dela e suas impressões devem ser sempre respeitados. A ideia é que ela esteja alerta, que saiba reconhecer quando algo errado acontece e que tenha confiança no apoio dos pais para contar sobre qualquer sensação ruim que experimentar.

Liliane Domingos Martins

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Os 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA no Brasil

No dia 13 de julho de 2020, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA completou 30 anos de luta pela defesa dos direitos de crianças e jovens do Brasil. Ao longo desses anos, muitos desafios foram e continuam sendo enfrentados, mas, sem dúvida, esse é um marco importante e que merece ser comemorado. 

 O ECA é um conjunto de leis que estabelece a proteção dos indivíduos nessas duas etapas da vida: na infância (de zero a 12 anos) e na adolescência (dos 12 aos 18 anos). A criança e o adolescente saem da condição de submissão ao poder familiar e passam a ser considerados sujeitos de direitos, sendo reconhecida a condição peculiar de desenvolvimento em que se encontram. Com o ECA, a proteção e a garantia dos seus direitos passam a ser prioridade e dever da família, da sociedade e do Estado. Desse modo, quem passa a responder pelas violações de qualquer natureza sofridas pelas crianças e pelos adolescentes são as famílias, o Estado e toda a sociedade, pois são eles que devem garantir proteção aos menores.

Para você entender o quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente é importante, basta saber que foi ele quem apresentou as bases para a construção das políticas públicas voltadas para a infância e adolescência; determinou responsabilidades e obrigações para as famílias, a comunidade e os Poderes Públicos; possibilitou a criação dos Conselhos Tutelares e das Varas da Infância e Juventude; deu origem a programas e serviços de enfrentamento à violência, maus tratos, abusos, exploração sexual e trabalho infantil; ampliou o acesso à escola pública no país; possibilitou a redução da mortalidade infantil, dentre outros. 

Apesar dos avanços obtidos a partir do ECA, milhões de crianças e adolescentes brasileiros ainda vivem em situação de risco e vulnerabilidade, e precisamos avançar muito na prevenção de todas as formas de violência. Além disso, estima-se que a pandemia do novo coronavírus poderá agravar ainda mais o quadro de vulnerabilidade social desses menores. 

Nesse sentido, temos um longo caminho até que a dignidade humana, a vida, a liberdade, a saúde e os direitos de todas as crianças e adolescentes do país sejam respeitados. 

Ainda assim, reconhecemos que as conquistas do ECA foram muitas, devem ser celebradas e, principalmente, precisam ser ampliadas. Hoje, por exemplo, o Instituto Alexis só pode existir porque os fundamentos do ECA existem e porque somos parte de uma sociedade que acredita que a proteção das crianças e adolescentes é uma prioridade absoluta. Essa é a força que nos move! Vamos juntos!

Silvia Guimarães